Outras Histórias
Sim… todo amor “de fã” é sagrado! Nos anos 1980, Beto Guedes ganhou um cantinho especial em Taubaté
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Seu ídolo pode estar hoje em qualquer parte do mundo e, em tempo real, você consegue saber todas as novidades sobre ele. Para isso, basta ser um seguidor de suas redes sociais, certo? Agora, como era a vida de um fã na década de 1980?
Ele tinha que ter a sorte de descobrir onde o famoso estaria e - literalmente - segui-lo para tentar “tirar” uma foto ou ganhar um autógrafo, nem que fosse em um guardanapo de papel. Aí, era rezar para que quando revelasse o filme, pelo menos uma das 12, 24 ou 36 “poses” tivesse ficado nítida e ainda, que a tinta da caneta fosse de qualidade para o autógrafo resistisse ao tempo.
Assim foi a adolescência de duas amigas de Taubaté que resolveram fundar, segundo elas, o primeiro fã-clube do cantor e compositor Beto Guedes na região. “Ouvi o vinil dele pela primeira vez, na casa de um amigo em comum do meu ex-marido. Na época, nós ainda namorávamos… E quando escutei aquela voz cantando “Amor de Índio” me apaixonei pelo artista”, conta empolgadíssima a funcionária pública aposentada, Ana Rachel Camargo da Costa.

Isso foi em 1979 e Rachel tinha apenas 19 anos quando conheceu o “Clube da Esquina”, os amigos talentosos de Milton Nascimento. Foi aí também que ela descobriu que “sim, todo amor é sagrado”, inclusive o de uma fã, capaz de tudo para estar pertinho de seu ídolo.

Apesar de toda empolgação com a descoberta, muitos colegas da época não curtiram tanto assim o som. Mas como muitas amizades se solidificam justamente por terem gostos parecidos, a também funcionária pública aposentada, Regina Célia Amaral, se rendeu rapidinho ao talento do mineiro Beto Guedes.

E foi assim que teve início a história oficial do Fã-Clube taubateano… Mas e agora? Por onde as duas amigas deveriam começar?
“Sessão de Cartas”
Uma nota na “Sessão de Cartas” da famosa Revista Cláudia (Editora Abril) dizia assim: “queremos nos corresponder com pessoas que têm interesse por Beto Guedes e Lô Borges…”. Este foi o ponto de partida para que Rachel e Regina se conectassem (isso em 1981!) com outros fãs. Trocaram cartas e marcaram um encontro em São Paulo com um pequeno grupo liderado por Berenice, com quem hoje as duas não têm mais contato.
Nesta primeira reunião, eles trocaram informações sobre os artistas e quem tinha recorte de revista ou jornal, emprestava para o outro xerocar ou ( para os mais novinhos), “tirar uma cópia na máquina copiadora”.
No mesmo dia, Rachel e Regina foram até a Redação de um jornal impresso da capital e procuraram o setor de arquivos, para levantar e fazer cópias de tudo o que havia sido publicado sobre Beto Guedes e seus colegas do Clube da Esquina. “A gente tinha até posters dele pendurados na parede do quarto”, lembram aos risos as amigas.

E as loucuras dos fãs não pararam por aí. O grupo também descobriu o endereço de Luiz Guedes, primo de Beto, para tentar uma aproximação com o cantor. “Juntávamos informações, íamos aos shows, colecionávamos vinis, tudo o que dizia respeito a ele nós sabíamos. Meu marido tinha até ciúmes e nós duas, ciúmes da esposa do Beto Guedes! Pode isso?, brinca Regina.
Álbum de recordação
Em meio a tantos shows já vistos pelas amigas ao longo da vida de “fãs de carteirinha” de Beto Guedes, Rachel tem um como especial. Em 1988, o artista se apresentou em Taubaté e ela levou o álbum com todos os recortes, fotos e lembranças que havia colecionado sobre ele, para que autografasse. Claro que a preciosidade é guardada em um lugar muito especial. Na capa, o adesivo recebido do primo de Beto, Luiz Guedes, na época do encontro em São Paulo, estampa a resiliência daqueles jovens: “Pela qualidade da nossa geração”. E o ídolo, carinhosamente, autografou.

Então, se você hoje é fã da Lady Gaga e foi um dos milhões de “little monsters” presentes no show da cantora em 2025, no Rio de Janeiro, sabe que vale qualquer sacrifício por esta paixão, mesmo que só tenha conseguido assistir ao espetáculo pelo telão, não é?
Aproveita então todos os recursos tecnológicos, arquiva todos estes bons momentos na nuvem e daqui há alguns anos a gente volta conversar.
Quanto às amigas Rachel e Regina, já estão preparadas para o próximo show! Então, vida longa a Beto Guedes e a todos os fãs apaixonados, que vivem na prática a mensagem de suas composições!
“... Deixa nascer o amor…
Deixa fluir o amor…
Deixa crescer o amor…
Deixa viver o amor…”
“O Sal da Terra”, Beto Guedes e Ronaldo Bastos, 1981
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